
O flerte com o pecado é um dos maiores perigos na vida espiritual, pois ele engana o coração, levando a pessoa a acreditar que ainda está em terreno seguro, quando na verdade já está transgredindo os princípios de Deus. Jesus advertiu sobre o perigo dessa atitude ao dizer: "Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca" (Apocalipse 3:16). O morno é aquele que não tem coragem de entregar completamente o coração a Cristo, mas também hesita em mergulhar totalmente no pecado, vivendo uma vida de autoengano.
O pecado começa no coração, no momento em que se acalenta o desejo. Jesus afirmou de forma clara: "Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela" (Mateus 5:27-28). Isso nos mostra que o pecado não é apenas o ato em si, mas também o desejo deliberado e alimentado no íntimo.
Ellen G. White confirma esse princípio ao declarar:
"Cada ato exterior é precedido por um pensamento. Toda ação é resultado de pensamentos, e a menos que os pensamentos sejam controlados pela Palavra de Deus, o pecado estará presente em sua forma mais perigosa" (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 661).
O perigo do flerte com o pecado reside no fato de que ele endurece gradualmente a consciência, afastando o indivíduo do Espírito Santo.
Aqueles que "brincam" com o pecado estão, na verdade, enganando a si mesmos. Jeremias 17:9 declara: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" Muitas vezes, a pessoa tenta justificar seus pensamentos e atitudes, dizendo que ainda não concretizou o pecado, mas Deus sonda os corações e vê as intenções. Ellen White adverte:
"Muitos satisfazem os desejos do próprio coração, acreditando que ainda estão andando na luz. Mas o amor ao pecado os faz rejeitar a luz e andar em trevas autoimpostas" (O Grande Conflito, p. 560).
O morno é, acima de tudo, covarde. Não toma uma posição clara por Cristo nem pelo pecado, permanecendo em uma zona de aparente neutralidade. Contudo, Jesus não aceita neutralidade. Ele disse: "Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha" (Mateus 12:30). A mornidão espiritual é repugnante porque representa um coração dividido, que busca tanto os prazeres do pecado quanto as bênçãos de Deus, mas não é fiel a nenhum.
Ellen White descreve a condição do morno de forma contundente:
"Os mornos não são decididamente ímpios, mas não são decididamente consagrados a Cristo. Eles não agem sob o impulso do Espírito de Deus. A mornidão de sua condição é mais ofensiva aos olhos de Deus do que se estivessem completamente frios" (Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 188).
Portanto, a verdadeira vitória sobre o pecado começa na mente e no coração. Somos chamados a não acariciar o pecado, mas a lutar contra ele, rendendo nossos pensamentos a Cristo. O apóstolo Paulo exorta: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2).
Se quisermos evitar a armadilha do flerte com o pecado, precisamos buscar a Deus com sinceridade e coragem. O salmista declara: "Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti" (Salmo 119:11). A vitória é possível quando permitimos que Cristo reine em nosso coração completamente, sem concessões ou reservas. Afinal, como Ellen White nos lembra: "Nenhum homem pode ser verdadeiro a Deus enquanto abrigar o pecado em seu coração" (Caminho a Cristo, p. 29).
Que possamos tomar uma decisão clara, escolhendo a Cristo e rejeitando completamente o pecado, tanto em pensamento quanto em ação. Afinal, "servimos a quem obedecemos" (Romanos 6:16).
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